Filosofia do Candomblé

A história da religião e a mão humana sobre e sob o Divino são questões mais velhas que o próprio homem. A divergência entre pensamentos, dogmas, religiões e crenças nos fazem procurar muito mais respostas do que as próprias perguntas que possuímos.
O princípio deixado por todas as grandes nações do panteão africano sempre foi o mesmo. É no Candomblé que se abraça os filhos de qualquer religião, sexo, classe social e etnia. A eles não se pede, não se impõe e muito menos se induz. Ao livre arbítrio tem-se a base do respeito e da cordialidade. Da mesma forma que se aproximam da filosofia de nossa religião, podem se afastar. Nela é dado e compartilhado com a mesma intensidade que lhe é permitido sua saída.

Entendamos a necessidade dos Orixás nesse contexto e até mesmo seu sincretismo para que possamos visualizar as energias desencadeadas por cada um deles e suas qualidades, podendo assim, captarmos essa sintonia através de suas imagens, suas cores e arquétipos.
Esses Orixás existentes em todas as outras religiões como Mentores, Santos, Anjos, Energias Positivas, Pensamentos Positivos e tantos outros nomes, nos representam forças energéticas da natureza. Embasados nos quatro elementos mais antigos, água, fogo, terra e ar; nos desencadeiam o aprendizado para conseguir canalizar essas forças vitais deixadas e criadas por Olorum (Deus, Alá ou qualquer outro nome) e utilizá-las em nosso benefício.

Com este princípio, nós, os Babalorixás e Ialorixás, temos a responsabilidade de conhecer e entender essas energias e conectá-las à da pessoa que necessita desta sintonia, para que ela possa estar estabilizada e equilibrada energeticamente. Cada pessoa tem sua vibração de energia única. É como o DNA. A ela associamos os arquétipos dos Orixás. Cada Orixá possui muitas "qualidades de santo", ou seja, sub características diferenciadas de um mesmo padrão de arquétipo. Exemplificando através do Zodíaco, onde possuímos mais conhecimento e condição de entendimento, é como os decanatos de um mesmo signo. O canceriano do primeiro decanato (nascido nos primeiros 10 dias do período que o caracteriza como canceriano) tem características diferentes do canceriano do segundo decanato, assim como o do terceiro.
Além da diferenciação destas "qualidades de santo", há uma grande influência de seu "ajuntó", ou seja, seu "segundo" Santo (ou Oríxá). Este segundo Orixá terá grande influência sobre o arquétipo do dono do "Ori", ou primeiro Santo. E isso cria uma infinidade de arquétipos. Temos centenas de Orixás e cada um deles muitas qualidades diferentes. No Brasil, cultuam-se muito menos, mas mesmo assim, o número possível de arquétipos criados pela junção destes dois primeiros Santos é gigantesco.
Para o entendimento desta numeração; primeiro Santo, Segundo Santo, etc., ocorre pelo fato da ordem diferente em que temos nossos Orixás. Todos nós temos todos os Orixás, que estabelecem ordens diferenciadas em cada filho. Segue daí a premissa do panteão africano onde jamais seríamos um igual ao outro.

Muitas curiosidades são sanadas quando conhecemos um pouco melhor esses arquétipos e suas lendas. Com isso, conseguimos, através da imensa sabedoria deste continente africano, dimensionar e concretizar nossas necessidades intelectuais de entendimento, podendo assim, deixar mais claro e palpável essa filosofia dogmática.